A cantora e compositora Clarissa está de volta com um novo projeto emocionante, o EP intitulado “Tudo, Eu, Enfim”. Com cinco faixas inéditas e autorais, esse trabalho marca um retorno às raízes da artista, apresentando letras mais maduras e arranjos minimalistas que revelam uma versão mais vulnerável e frágil de Clarissa.
O EP “Tudo, Eu, Enfim” é uma jornada pelo lado mais íntimo da artista, explorando temas de erros, medos e vulnerabilidades. As músicas têm como ponto de partida estético os primeiros vídeos à capela que Clarissa compartilhou em sua página do Instagram, @clapivara. Esses vídeos foram os primeiros passos na carreira da cantora e agora servem como inspiração para esse novo projeto.
As cinco faixas do EP são “Desculpa Qualquer Coisa”, “Tudo, Eu, Enfim”, “Combustão Espontânea”, “A Casa” e “Dia Útil, Eu Inútil”. Cada música mergulha nas emoções e experiências pessoais da artista, criando uma conexão íntima com os ouvintes.
Sobre a faixa “Desculpa Qualquer Coisa”, Clarissa explica que ela aprofunda a ideia central do EP, explorando os medos e as incertezas que todos enfrentam ao longo da vida. A letra transmite a sensação de estar perdido em um jogo em que todos parecem entender as regras, exceto o narrador. É um reconhecimento da luta contra o medo, o tempo e a paralisia, uma exploração das complexidades da existência.
Clarissa já é conhecida por seu sucesso “Nada Contra (Ciúmes)”, uma canção que se tornou um hino bissexual e que a impulsionou no cenário musical. Seu estilo indie pop conquistou o público, mas agora ela retorna com um projeto mais íntimo e pessoal, explorando novas dimensões de sua arte.
“Tudo, Eu, Enfim” é um testemunho da evolução artística de Clarissa e sua coragem de compartilhar suas experiências mais profundas com seus fãs. Com letras emocionalmente carregadas e arranjos delicados, o EP promete tocar os corações dos ouvintes e criar uma conexão verdadeira entre a artista e seu público.
Confira abaixo uma entrevista exclusiva com a cantora:
Repórter (Felipe Galvão): Olá Clarissa, boa tarde, tudo bem? Sou o Felipe Galvão, repórter aqui do Vou de Grade e estou muito feliz de te entrevistar, você é uma cantora que eu já acompanho a bastante tempo. Você é muito versátil, você é atriz, cantora, e se aventura em várias áreas da arte. E aí, eu queria perguntar pra você como é que você descobriu essa sua paixão pela música e como é que você desenvolveu ela ao longo do tempo?
Clarissa: Eu não tinha nenhum talento. A minha irmã é cantora. Então, eu pensava que ia ser o lance dela. Até porque ela tem uma voz super poderosa e potente. E eu, por mais que eu fosse afinadinha, nunca me imaginei como cantora. Então, eu tava na faculdade quando foram surgindo alguns testes. E as coisas foram desenrolando da maneira que você já sabe. Mas, assim, é doido porque eu olho pra trás e falo, caraca, a música sempre esteve ali. Sempre foi a coisa que eu mais amei no mundo mesmo. Quando tudo parecia que não fazia sentido. Quando eu tava me sentindo a pior pessoa do mundo. A música tava sempre ali. Eu sei que todo mundo fala que eu amo a música. Eu sei. Mas eu acho que eu amo um pouco mais, assim, porque juro, eu posso não ser mais cantora, mas eu preciso de música sempre, sabe? Preciso estar perto de música. E foi doido porque quando começou a rolar, eu falei, caraca, é verdade, né? A música sempre esteve ali. Minha família é uma família muito musical. A gente conversa muito sobre música. Cresci com os meus pais sempre sentando comigo e mostrando discos, CDs, artistas. Então, assim, eu fui muito influenciada por eles. As minhas melhores memórias são da minha casa cheia de música no último volume. Então, assim, eu acho que era só uma questão de tempo, assim, parando pra pensar. E que bom que eu tive o privilégio de poder trabalhar com isso, porque foram através de convites e oportunidades e tal. Pode ser que eu só ficasse na paixão pela música mesmo, coisa platônica. Mas, assim, hoje em dia eu não consigo me imaginar trabalhando com outra coisa. Mais até do que eu me imagino trabalhando como atriz, assim. É muito massa isso. Inclusive, a minha paixão pela música eu descobri por causa de um tio que tinha uma banda de rock também. E aí eu ia pra casa dele quando eu era criança, ficava mexendo nos discos dele, nos CDs. E desde então sou apaixonada por esse universo.
Repórter (Felipe Galvão): Você falou que seus pais te influenciaram, a sua irmã. Então, além disso, você acha que todo esse caminho veio como uma fonte de inspiração pro seu novo projeto?
Clarissa: Cara, eu acho. Eu acho que esse novo projeto é uma mistura de conversas muito, muito, muito longas e profundas que eu tive nos últimos tempos com amigos e família. Eu falo muito com as minhas irmãs. Eu acho que ele vem de influências musicais que eu também descobri por conta das minhas irmãs, por conta dos meus amigos. Eu acho que ele é um projeto que não é só meu, sabe? Ele vem de uma série de depoimentos e vivências e observações que eu fui fazendo ao longo desse trajeto. Principalmente ao longo do ano passado. Eu li uma síntese de tudo o que aconteceu no ano passado.
Eu sempre escrevo as pessoas acham que artistas viviam um negócio ontem e vão escrever sobre isso hoje. Eu, particularmente, vivi um negócio ontem e vou escrever sobre isso no ano que vem, na mesma data que foi ontem, mas vai demorar um pouco pra eu processar tudo de maneira que eu possa falar sobre isso de forma lúcida, sensata, de forma que todo mundo possa entender do que eu tô falando. Então, acho que esse álbum, esse trabalho, foi uma experiência.
Repórter (Felipe Galvão): Massa! E você falou sobre essa questão do desafio de você ir lá e todo mundo pensar que é só assim. Ah, fui lá, senti e escrevi. Não é bem assim. Então, como é que você faz pra superar esse desafio criativo, pra superar o bloqueio? Porque eu acho que deve ter momentos que deve ser muito difícil colocar isso na música.
Clarissa: Pois é. Cara, eu, graças a Deus, ainda não tive uma situação em que eu precisava entregar alguma coisa e não tava saindo nada. Graças a Deus, não tive esse problema e espero nunca ter.
Mas, assim, eu tenho, inclusive, acho que estou passando por uma situação parecida agora. Não é bloqueio criativo, porque bloqueio parece que nada aparece na sua cabeça, mas é um momento em que eu tenho várias ideias de marketing, de comunicação com os fãs e tal, mas às vezes não tô tendo muita ideia pra compor. Sei lá. Ou tô tendo várias ideias pra algo melódico ou pra uma harmonia, mas eu não tô tendo ideia pra compor, que é a parte mais importante talvez do que eu particularmente faço.
Mas, assim, eu tento respeitar esse momento. Eu tento não forçar, porque eu acho que a gente já vive num mundo muito pós-moderno, muito capitalista e que tá cobrando da gente o tempo todo. E eu acho que a arte não conversa com esse tipo de processo, sabe? Pelo menos pra mim, o que faz sentido pra mim, não conversa. Porque eu não faço música pra vender, necessariamente, se vender é melhor ainda, mas eu faço as coisas que fazem sentido pra mim. Então, como pode fazer sentido pra mim se eu tô me forçando a fazer algo quando eu tô com bloqueio, né? Então, quando vem esse momento, eu dou uma respirada, eu procuro me inspirar, procuro em peças, procuro em exibições, procuro conversar com as pessoas. Sei lá, as pessoas acham que a gente cria, a gente só olha pros lados, sabe? A gente só pega as coisas que vão acontecendo ao nosso redor e a gente tenta comunicar isso da melhor maneira possível. Então, acho que é sobre silenciar e tentar ver esse redor.
Repórter (Felipe Galvão): Massa! As pessoas pensam que é um caminho único, mas tem vários lados que você pode ir e desbravar isso. Eu acho que cada pessoa encontra a sua maneira, cada artista encontra a sua forma disso. Eu tive a oportunidade de ouvir o EP, gostei bastante, inclusive, e eu senti que as letras desse EP estão bem mais maduras comparado aos seus trabalhos anteriores. Então, pra você, como é que foi esse processo de escrever uma versão que mostra maturidade pra você? E se existe uma faixa desse EP que você acha que represente a sua versão do momento, uma coisa mais madura?
Clarissa: Cara, esse EP, de fato, tá bem mais maduro, eu fico muito orgulhosa disso. Eu queria que as pessoas enxergassem esse meu lado. Eu adoro fazer músicas com sacadinhas engraçadas e coisas leves e até vou continuar fazendo isso. Mas eu achei importante, nesse momento, pausar um pouco e falar sobre essas minhas questões que tanto impactam o meu profissional, tanto impactam a minha vida e que eu acho que as pessoas se identificam com o que eu tô contando, sabe? Todo mundo meio que tá passando por algo difícil o tempo todo e a gente não fala sobre isso abertamente, né? E é difícil falar sobre isso abertamente quando você é uma pessoa pública porque eu acho que quanto mais você deixa as pessoas entrarem mais elas acham que tem uma intimidade com você que talvez não seja o caso, pelo menos não em certos lugares. Mas assim, definitivamente é um trabalho que marca esse momento mais maduro meu que eu pretendo continuar evoluindo. Você fez uma outra pergunta, eu esqueci qual era?
Repórter (Felipe Galvão): Se existe uma faixa que você acha que represente essa maturidade?
Clarissa: Ah, eu acho que “dia útil ou inútil”, provavelmente, porque eu acho que ela é a que mais me representa nesse momento hoje da minha vida, porque “a casa”, “desculpa, qualquer coisa”, principalmente “desculpa, qualquer coisa”, né? E as outras faixas relatam uma pessoa muito frágil, muito insegura, passa um momento muito difícil, não sabe pra onde ir. Eu era essa pessoa no ano passado, eu era essa pessoa quando eu cancelei meus shows, eu era essa pessoa e eu acho que agora eu melhorei, eu acho que eu procurei ajuda, mas “dia útil e inútil” ainda é o momento que eu me encontro agora que essa coisa de de fato está tudo bem, de fato estou trabalhando, estou fazendo mais coisas e tal, mas caraca, faz tempo que eu não sou alguém, sabe? Eu acho que essa é a faixa que mais me representa e mais representa essa maturidade de procurei ajuda, melhorei, estou bem, está tudo bem, mas eu ainda sinto que falta algo, então acho que essa faixa com certeza representa bem isso.
Repórter (Felipe Galvão): Certo, e aí você falou sobre a questão de ser uma pessoa pública e você é uma artista que tem uma visibilidade muito legal na internet, nas redes, só que a gente sabe que tem um lado ruim da internet, que as pessoas falam o que elas querem e como é que você lida com essa questão das críticas e do feedback do público nas redes, porque vem tudo de uma forma muito rápida e muito exposta?
Clarissa: Olha, eu graças a Deus, graças a Deus não, né? Eu vivo na internet há muito tempo como observadora e como pessoa pública, né? E eu acho que eu estou ali há muito tempo ou tempo suficiente para entender como as coisas funcionam, mais ou menos, como não adicionar as pessoas de maneira negativa e como não me importar tanto, não levar tanto para o pessoal, quando as pessoas falam mal, quando as pessoas falam algo que possa magoar, sei lá, tem artistas que são enormes e até hoje ficam botando o próprio nome no Twitter para pesquisar. Eu preservo a minha saúde mental, pelo menos aí. Tipo assim, eu acho que são certas maturidades que são difíceis porque a gente fica na ansiedade, a gente quer saber, mas eu fico assim, cara, eu não preciso saber de certas coisas, não preciso saber o que as pessoas estão falando de mim o tempo todo. Eu acho que a gente precisa sempre como pessoa pública, como artista, ficar se educando mesmo, para não levar para o coração essas coisas na internet e principalmente não ficar cutucando.
Eu acho que de verdade, assim, sei lá, ano retrasado, mais ou menos, se alguém falasse uma parada ruim de mim, acabou meu dia, talvez a minha semana. Hoje em dia, não sei se seja algo extremamente maldoso, eu acho que eu construí uma casca, sabe? Eu acho que eu dou uma risada e falo, paciência, sabe? Vai ter gente que não gosta de você e sinceramente, se a pessoa foi respeitosa quando ela disse que não gosta de você, pô, não curto o trabalho da Clarissa, ela tem todo direito de não curtir, tá tudo certo e, sabe, eu acho que eu levo hoje em dia com muito mais leveza, mas assim, foi necessário muito muita porrada, muito soco na cara para poder chegar nesse ponto, sabe? Mas eu acho que eu consegui chegar em um lugar legal e graças a Deus eu tenho uma fanbase muito respeitosa, muito maneira e eu espero que continue sempre assim.
Repórter: E sobre esse EP, né, eu vi que teve muitas influências aí de pop, uma coisinha mais rock e eu vejo que você se aventura em outras músicas também, em outros estilos. Como é que você faz essa transição para você não assustar o público assim, caramba, ela mudou tanto e se você pensa em explorar novos gêneros em outros projetos e como é que você pensa nisso, né? Pois esse um lado legal seu nessa sua versatilidade.
Clarissa: Pois é, eu, quando a gente lançou “nada contra”, por exemplo, que se eu não me engano foi o primeiro single depois do EP, ou seja, eu lancei o EP, “Caraca, o que a Clarissa vai lançar de single?” Era uma coisa muito importante e aí meus produtores ficaram inseguros porque eles adoravam a música, sabiam que a música era boa, mas eles ficaram com medo, tipo, cara, será que não vai aparecer que você tá, que você não tem uma identidade? Porque o EP é todo fofinho, tudo bonitinho, que do nada você vem ao contrário, o roquinho, a voz tinhe efeito, eu falei, cara, eu acho que a gente tá vivendo num momento artístico, jovem, todo mundo pode fazer tudo, sabe? Olivia Rodrigo lançou um álbum que tem Good For You, Brutal, e aí do nada tem Driver’s License, que é uma música super fofinha, querida, teen, sabe? Enfim, eu acho que a gente tá num momento propício pra você fazer o que você sente desde que seja verdadeiro, eu acho que isso é o mais importante pras pessoas sentirem uma verdade em você, eu acho que as coisas começam a cair quando as pessoas começam a sentir, tipo, cara, a pessoa tá fazendo isso porque é o que tá bombando agora, sabe? Eu acho isso um problema, mas eu acho que depois de “nada contra”, até por a gente ter visto que funcionou muito, que as pessoas não falaram sobre essa diferença do EP pro single, ninguém ligou, sabe? Acho que todo mundo se sentiu mais seguro pra continuar fazendo isso, pra alternar um pouquinho os estilos, experimentar coisas novas.
No meu álbum mesmo, você tem “súplica”, que é uma coisa pop, mas que tem ali uma batida, tem uma guitarrinha e tal, você tem “carnaval”, que é uma MPB, sabe? Enfim, você tem músicas ali bem mais pop, eu acho que eu já deixei bem claro que eu sou essa pessoa que enquanto pessoa que consome música, eu sou muito eclética e enquanto artística, eu também sou. Claro que vão ter coisas que talvez eu jamais vá fazer de maneira solo, se um feat é alguma coisa, por uma questão de não querer me apropriar daquilo, de um gênero que eu não conheço, que não faz sentido pra mim, mas, cara, eu acho que sempre que der uma coisa na minha telha, eu vou querer fazer, porque eu acho que é isso. Se no fim tem verdade, é isso, tá tudo certo.
Repórter (Felipe Galvão): Maravilhoso. E aí você citou a Olivia, que é uma artista jovem, você também é, e eu acredito que tenha muitos artistas jovens que se inspiram em você. Qual conselho você daria pra eles, pra eles começarem a explorar os novos talentos deles, cuidados que eles devem tomar?
Clarissa: Olha, eu acho que primeiramente leia seus contratos, e com certeza isso se mantenha muito verdadeiro com o que você quer. Não faça alguma coisa porque é o que tá dando certo na rede X, ou na rádio. Trilha o seu caminho, de acordo com o que você acredita, de acordo com o que você pensa pra você e pro seu futuro. Nunca por causa de alguém da gravadora que fala X, de gente te pedindo coisa, ou da sua família chamando que a sua voz é mais pra tal coisa. Faz o que você acredita que vai dar tudo certo. Eu acredito sempre nisso. Tudo que é verdadeiro faz sucesso.
Repórter (Felipe Galvão): E pra encerrar, como no Vou de Grade a gente fala muito sobre os shows e a galera que tá ali no front, eu gostaria de saber se você tem algum lugar, alguma casa de show que você sonha em se apresentar ou algum festival, e se você pretende elevar esse EP como show pra cidades que você ainda não esteve?
Clarissa: Cara, eu sei que essa pergunta do geral deve responder tipo, “Rock in Rio”, seria muito legal me apresentar num festival como esse, alguém como eu, “Lolla”, mas sempre vem na minha cabeça o Circo Voador, aqui no Rio, que é um lugar que eu ia muito na minha adolescência, que foi muito importante pra minha construção como artista e como pessoa. Tive momentos absurdamente maravilhosos lá. É uma casa que sempre dá oportunidade pra artistas novos, já fui em shows absurdamente memoráveis, e me apresentar lá seria muito maneiro. E eu espero poder fazer isso logo. E quanto às cidades, cara, eu quero muito ir explorar um pouco mais o Norte e o Nordeste. Eu ainda não fui pra Salvador, por exemplo, a galera pede muito. Queria muito ir pra Brasília, que é um lugar também que a galera sempre fala. Explorar um pouco mais o Sul, de repente ir pra Porto Alegre, Curitiba, alguma coisa assim. E poder revisitar, com certeza, também alguns lugares, né? Pô, Fortaleza e Recife foram shows muito massas. São Paulo é sempre muito legal de fazer, Minas Gerais a galera é absurda. Então assim, eu tô bem ansiosa pra poder explorar esse Brasilzão e conhecer mais gente.
Repórter (Felipe Galvão): Então é isso, basicamente. Obrigado pela oportunidade. Obrigada a você. Eu espero que eu te encontre em breve aqui em São Paulo. Obrigado Universal pela oportunidade. E podem contar com a gente sempre no Vou de Grade, que a gente vai apoiar seu trabalho, é um prazer.