Com mais de 30 mil pessoas passando pelo evento durante o final de semana (24 e 25 de junho), o Turá retornou a São Paulo. Com a primeira edição bem sucedida, a segunda edição do festival provou que o evento veio para ficar e entrar definitivo no calendário da cidade.
No primeiro dia do Festival Turá, o gramado localizado atrás do Auditório Ibirapuera se transformou em uma animada celebração da música brasileira. O evento contou com uma diversificada programação, incluindo apresentações do Bloco Pagu, Lucas Mamede, Junior Passini & Lilian Prates, Maria Rita com participação especial de Sandra de Sá, MU540, MC Hariel, Afterclapp e o Baile das Marinheiras. A atmosfera festiva envolveu todos os presentes, tornando-se uma verdadeira ode à riqueza musical do país.
Seguindo a proposta da edição anterior, a tarde foi dominada por Maria Rita, com seu show “Samba de Maria” e contou com a participação especial da Sandra de Sá em três músicas. Em certo ponto da apresentação, Maria agradeceu a participação de Sandra e falou que este era um sonho realizado. A setlist da cantora contou com “Olhos Coloridos”, “Cara Valente”, “Tá Perdoado” e outras.
MC Hariel, um dos nomes em alta do funk paulista, fez questão de expressar o quão grato estava por ocupar aquele espaço com o ritmo, e lembrou de um momento que teve no local quando era mais jovem “Eu estive no Ibirapuera com a escola, mas hoje estou aqui cantando”, disse visivelmente emocionado ao iniciar sua apresentação.
Com incontáveis sucessos, os maiores destaques do primeiro dia ficaram por conta de Zeca Pagodinho e Jorge Ben Jor.
O amado Zeca, arrastou uma multidão que cantou do começo ao fim em seu show, que aguardavam ansiosamente desde 2022, quando o artista teve que cancelar sua participação no festival por ter pego Covid e acabou sendo substituído pelo Paulinho da Viola. A apresentação teve em torno de uma hora, sendo um desafio para um músico desse tamanho montar uma setlist que faça justiça a tantos anos de carreira. Algumas das canções selecionadas foram “Verdade”, “Vai Vadiar”, “Brincadeira Tem Hora”, entre outras, com direito a goles de cerveja e brindes entre os sucessos.
Eufórico, Jorge Ben Jor subiu ao palco com uma performance chique durante os 60 minutos programados para seu show. Sua lista de músicas contou com inúmeros hits, como “País Tropical”, “Taj Mahal”, “Santa Clara Clareou”, “Que Maravilhosa” e outras. A apresentou aqueceu tanto o público, que pediu incansavelmente por mais, porém o show não pode ser prolongado por ter passado do horário permitido pelo Parque do Ibirapuera. Jorge se despediu do palco, dizendo que “Ficaria para uma próxima” a canção que desejava cantar, que era O Homem da Gravata Florida.
Já no segundo dia, o festival recebeu um calor intenso, fazendo com que o público se espalhasse pelas árvores do local. Os fãs mais apaixonados, especialmente da cantora Joelma, permaneceram próximos ao palco o tempo todo e receberam suporte dos seguranças com protetor solar e água, para evitar desmaios.
A abertura dos shows foi feita pela Banda Tuyo, que encantou a todos e trouxe um humor maravilhoso. A integrante Lilian interagiu com a plateia e demonstrou carisma durante toda a apresentação. Não apenas o público, mas também Layane, a guitarrista e vocalista da banda, foi surpreendida com um bolo em comemoração ao seu aniversário, que ocorreria no dia seguinte ao festival. Foi um momento muito bonito de se presenciar.
Em seguida, o cantor e rapper Delacruz subiu ao palco, apresentando seus maiores sucessos, acompanhado de um grande coro e de seus convidados Luccas Carlos, BK e a talentosa Clau. O rapper também foi surpreendido pela presença de Marcelo D2 no palco, que apenas gravou a apresentação com seu celular e deixou para cantar mais tarde, junto com Pitty.
Após Delacruz criar um clima romântico com suas letras, era a vez de Pitty trazer a nostalgia e toda sua representatividade no rock brasileiro. Em sua turnê do álbum “Admirável Chip Novo”, que completou dez anos, a cantora apresentou seus maiores sucessos e convidou artistas para uma grande mistura, como proposto pelo festival. Além de Marcelo D2, tivemos a presença da cantora Céu, que também participou de outros festivais, como o Primavera Sound. O show foi uma combinação de sensações incríveis. Pitty está em ótima forma e sabe conduzir o palco com maestria. Ela nasceu para isso, e vimos que Marcelo D2 e Céu souberam perfeitamente como trazer não apenas sua própria identidade, mas também se encaixar no repertório proposto.
Com toda essa animação, chegou a hora de vermos uma das maiores performers deste país: Joelma trouxe todo o Calypso para o Festival Turá em um show emocionante. Com um público diversificado, mas dentro da proposta do festival, Joelma demonstrou animação e conexão total com os fãs. Ela dançou, cantou e emocionou uma multidão que já conhecia seu trabalho ou que estava curiosa para testemunhar o imenso talento presente ali. Mariana Aydar foi a convidada da vez, vencedora do Grammy Latino, que cantou “Voando para o Pará” e “Frevo Mulher” ao lado de Joelma, demonstrando carisma e uma bela voz.
Ao encerrar o show, nem parecia que havia se passado mais de uma horaá que foram tocadas tantas músicas compactadas para proporcionar a melhor experiência da turnê “Isso é Calypso”, um grande acerto da curadoria do festival em acreditar no potencial de Joelma, que muitas vezes é esnobada em festivais mais voltados pra música alternativa, pop e pro brasil o MPB.
Para finalizar o dia e também o festival, tivemos a presença de Gilberto Gil e toda sua família no palco, cantando suas músicas autorais e também covers como “Vamos Fugir”, do Skank. Um momento emocionante foi a participação de Preta Gil como backing vocal de seu pai, que não apenas recebeu seu próprio coro, mas também teve a oportunidade de fazer um solo na música “Vá Se Benzer”, dedicando-a a sua madrinha Gal Costa, que faleceu no final de 2022. A cantora andou pelo palco, interagiu com a plateia e mostrou sua força na luta contra o câncer, arrancando sorrisos e aplausos da plateia.
Não apenas vemos que Gilberto Gil possui um talento incrível e todo o reconhecimento como um dos maiores artistas brasileiros, mas também sua família demonstra talentos absolutos na arte. Seja Bela Gil com a dança, Flor Gil que encantou a todos com sua doce voz ao cantar “Garota de Ipanema” e o trio musical “Os Gilsons”, formado por filhos e netos de Gilberto, que cantaram “Várias Queixas” em homenagem ao aniversário do cantor, que seria na segunda-feira (26).
Com esse encerramento, o Festival Turá finaliza sua segunda edição em São Paulo com precisão e sabendo exatamente o que está fazendo. A curadoria de artistas foi certeira e vale a pena conferir em futuras edições. O local escolhido favoreceu completamente o público diversificado que o festival atraiu, desde famílias até pessoas mais jovens, que se divertiram durante os dois dias proporcionando um agradável encontro de gerações unidos por amor ao ritmos brasileiros.