Na proposta de fazer um festival que seja a cara do Rio, o Queremos faz uma decisão acertada: mirar em artistas da cena independente, que se encontra em crescimento exponencial na cidade. E para melhorar, juntam isso a um grande nome da música brasileira. Dessa ideia, nasceu a união de Sophia Chablau e Felipe Vaqueiro com Arnaldo Antunes numa noite no Circo Voador.
Sophia e Felipe estão no começo de uma parceria e, por isso, quase nenhuma das canções apresentadas possui gravação. A exceção é das faixas “NOVA ERA” e “OHAYO SARAVÁ” presentes no compacto de mesmo nome, lançado em janeiro. Mesmo que os artistas estivessem um pouco tímidos e as letras não estivessem na boca do povo, a dupla fez uma boa apresentação de seu som de altíssima qualidade.

Arnaldo Antunes chegou depois, presenteando o público do Queremos com o primeiro show da turnê do novo disco. Em atividade no cenário musical brasileiro desde 1980, o artista segue se reinventando, com o álbum super atual “Novo Mundo”, tocando as questões contemporâneas de tecnologias e relações interpessoais.
A temática das canções do disco foi muito bem refletida na atmosfera do show por meio de elementos como a iluminação de pegada holográfica, destaque absoluto do show; o figurino, em que Arnaldo estava todo de branco e a banda com roupas pretas de couro; e a própria postura de Arnaldo encarnando um personagem robótico eletrizado.

“Novo Mundo” foi apresentado na íntegra e mesclado com outros sucessos de sua carreira, no entanto, a mistura poderia ter sido feita de forma mais orgânica. Algumas das canções novas, como “Body Corpo” e “O Amor é a Droga Mais Forte”, foram bem recebidas pelo público, mas sem comparação com os momentos de apelo aos hits antigos.
Arnaldo deu o gostinho dos tempos áureos de Tribalistas com “Já Sei Namorar” e “Passe em Casa”, além dos hits solo “Socorro” e “A Casa é Sua”. Dos Titãs, ele trouxe a clássica “O Pulso”, numa apresentação de vibração que fez jus ao nome, e fechou o show num bis de “Comida”, após ouvir e reforçar gritos de “sem anistia”.
É fato que turnês de divulgação de discos recentes são apostas arriscadas, especialmente quando se trata do show de estreia. Mas como o próprio Arnaldo diz, “tire seu passado da frente, porque tudo pode ser diferente”.