Eu realmente nem saberia por onde começar a falar de Beyoncé, as vezes sinto que estou falando sobre uma artista que você já deve saber tudo sobre ela, o quão incrível são suas apresentações, o perfeccionismo inalcançavel e a vontade de sempre estar trazendo grandes performances e conteúdo para o seu fãs. Sinto que também ela é como se fosse uma divindade que mal podemos tocar e mal sabemos o que se passa com ela, apenas em letras miudas de sua particularidade é exposta, é totalmente uma pessoa bem preservada.
Com a turnê “Renaissance World Tour”, Beyoncé trouxe uma setlist recheada de grandes sucessos de sua carreira e toda uma celebração para a cultura ballroom tendo batalhas de vogue, batidas de leque e introduções por Kevin JZ Prodigy. Uma estrutura imensa com visuais incríveis e totalmente bem trabalhados, tendo globos espelhados e até mesmo um grande cavalo representando a capa do disco.
A turnê tem se mantido bem sucedida por onde passa, sendo comentada por possuir diversos brasileiros que estão marcando sua presença nos shows e sendo notados pela cantora, e até mesmo pela naturalidade que Beyoncé tem se deixado levar, como até mesmo errar letra das músicas, modificar posições no palco ou blocos, inserir sua filha como dançarina em um ato e até as surpresas de novos figurinos ao decorrer dos shows.
Beyoncé é capaz de mudar a inflação de países, como também para a vida de todos em um lançamento surpresa como seu álbum visual “Beyoncé” que modificou totalmente a industria fonográfica, um projeto que poderia ser um risco por não haver nenhum marketing só provou e consolidou a cantora como uma artista de impacto, peso e importância para a música.
Em uma live feita em seu primeiro show da turnê Renaissance, 50 mil pessoas acompanhavam cada segundo do que a cantora havia preparado de novo, e realmente foi de se chocar vê-la interagindo com máquinas, um telão que se transforma o tempo inteiro e causa uma ilusão de palco todo estrutural, Beyoncé levitando sobre um estádio em cima de um cavalo enorme espelhado, um espetáculo que gerou curiosidades e que ninguém quer ficar de fora.
Até o momento, nenhuma data foi anunciada além de apenas rumores, e com o Brasil sendo destaque em cada show e até mesmo no site, creio que não falta muito para um anúncio ser feito. Conversei com alguns membros de um dos maiores portais de fãs da Beyoncé no Brasil, o Beyoncé Access, referente a turnê, as mudanças na carreira e a relação dos fãs com a cantora.
A TURNÊ
Comparada com as últimas turnês de Beyoncé, esta é a que ela menos tem movimentos de dança mais potentes, são mais naturais e também criteriosos, alguns fãs comentam que é devido a uma cirurgia de joelho que a cantora recentemente realizou e muitos outros apenas acham que vai passando os anos e ela pode estar se guardando mais e não medindo tantos esforços que nem antes.
A nova turnê da Beyoncé homenageia o ball room, ritmo que celebra a diversidade de gênero, sexualidade e a raça. Além de também contar uma história de libertação, ela conta como agora se sente livre de todas as amarravas e cobranças que ela tinha consigo mesma e que também colocavam em cima dela.
A SETLIST
Isaak Gonçalves, Duque de Caixas, RJ.
No início, sendo bem sincero, achei que não supriu todas as MINHAS expectativas como fã, que já acompanha ela desde o 4. Como, por exemplo, músicas que pensei que estariam na setlist e ela não colocou. Beyoncé sendo Beyoncé. Assim como, ela ter escolhido “Dangerously in Love” para iniciar o show, o que pegou todos de surpreso — não fiquei tão surpreso assim no dia, pois já sabíamos a respeito da setlist antes do show, de uma certa forma — mas, mesmo assim, por nunca ter ido em um show da Bey, ainda tô mal (risos) por saber que não verei ela performar “Irreplaceable”, “All Night”, ou até mesmo “Halo”, no show. Ela realmente se quer se importou e tirou alguns dos principais hits da carreira do show. Novamente, Beyoncé sendo Beyoncé. Confesso que, também fiquei esperando aquele gigantesco e icônico telão da Formation Tour fosse ser reaproveitado ou readaptado de uma certa forma para Renaissance Tour, seria um apego emocional meu a Formation Tour? (risos)
Mesmo com 40 músicas em uma turnê, sentimos falta de tanta coisa. É tão impossível pensar que você vai estar de frente para uma cantora que possui tanta música incrível na discografia mas talvez você não teve a oportunidade de ouvir todas, eu particulamente morreria se ouvisse 6 Inch na minha frente ou até mesmo Halo, como Isaak mesmo citou. Sendo um fã brasileiro, acabamos perdendo tantas experiências grandiosas desta artista e somos obrigados a migrar para outros locais onde consigamos ter esse acesso, e na maioria das vezes não possuimos o budget (dinheiro, cash, money) o suficiente para isto e esperamos que um dia ela retorne em uma turnê especial.
PRIVACIDADE
Beyoncé realmente é bem restrita, o que torna sua presença um espetáculo por sí só. Por onde passa, ela chama atenção, ninguém sabe quais serão seus movimentos e o que esperar realmente dela. Diferente de outras cantoras como Cardi B, Anitta e Bebe Rexha, não há uma interação em seu instagram com os fãs e muito menos sobre sua vida pessoal, tornando ela mais inacessível. Seu site é atualizado com fotos tiradas pela sua equipe ou por ela mesma, mas todas sendo bem selecionadas para serem postadas, o que torna também a vida dela mais tranquila referente ao assédio da mídia e também a livra de adentrar em meio ao hate grandioso da internet.
De uma certa forma, é bom porque ela mantém sua saúde mental e a mantém longe de tabloides de fofoca, um pouco. Porém, de outra, é um pouco “triste”, não me entenda mal, digo isso pelo fato de, como fã, às vezes nós queremos nos fazer presentes na vida do artista, saber um pouco do seu dia a dia, seus gostos, suas comidas favoritas, essas coisas, sabe? Mas, com a Beyoncé é diferente. Ela nos ensinou que não precisamos saber do que ela faz durante as 24h do seu dia. Pelo contrário, ela preza muito pela sua vida particular, e ela começou a ser mais privada após os diversos ataques racistas a Blue Ivy, e manchetes super tendenciosas a respeito dela em 2011, isso fez com que ela se distanciasse das redes sociais. E os fãs que estão aqui há mais tempo, entendem o motivo disso e a apoiam completamente, e eu sou um deles. Mas, não vou mentir, que iria amar ver a Beyoncé fazendo Stories dela em seu dia a dia com a Blue Ivy e os gêmeos, nem que fosse ao menos uma vez ao ano. (risos)
Isaak Gonçalves, Duque de Caixas, RJ.
Pode ser também apenas imaginação e neste momento, ela está em um fake no Twitter curtindo as coisas dos fãs ou até mesmo gerando comentários e lendo sobre ela mesma, não segue absolutamente ninguém e quando segue é uma pessoa aleatória, onde os fãs brincam que foi algum dos filhos dela que seguiu sem querer.
Com o sumiço dela, acaba ficando ao lado dela apenas os fãs mais leais, os que compreendem que ela precisa de um tempo pra viver, pra cuidar de si mesma, curtir a família, administrar os seus negócios ou simplesmente tirar umas férias numa ilha deserta. Todo mundo precisa cuidar de si. Quem a ama, e também ama e respeita a arte dela, compreende isso. O B7 foi a prova disso, precisamos ter paciência. Tudo o que é trabalhado com excelência leva tempo. O sumiço dela faz uma especie de “seleção” entre os fãs que “precisam serem alimentados constantemente para confiarem a ser fãs. E de outro lado tem aqueles fãs que apenas curtem a arte dela e vão aos shows, o que não muda com o sumiço dela, pois quando ela volta, eles estão lá.
Pamela, Manaus, AM.
FANBASE CONSOLIDADA
Através de toda essa conversa, vemos que Beyoncé já chegou em um ponto que não precisa provar absolutamente nada para ninguém. Ela é a Beyoncé, ponto. Seus trabalhos se equilibram em diversos tópicos.
Ela tem cada vez mais focado na sua qualidade de vida e no seu trabalho, investindo em deixar o seu legado para o mundo.
Pamela, Manaus, AM.
Este legado já existe, não há como negar o impacto na música e a influência que a mesma causou em seus últimos lançamentos. A forma de entregar os visuais impecáveis e uma história com começo, meio e fim. A forma no qual trabalhou com o “Lemonade” de forma visual e também cada canção sendo apresentada em momentos diferenciados, performances explosivas e até mesmo cativantes e marcantes, como a de “Love Drought” grávida no Grammy de 2017. Não tem como superar a aura divina que parea sobre Beyoncé.
Acima de tudo, ela é humana assim como nós. Ela já passou por diversas fases em sua vida, continua e continuará passando. Filha, esposa, mãe, e muito mais. Ela está em uma fase onde ela só quer fazer o que a faz feliz e tenha algum significado para ela, como ela mesma vem afirmando em entrevistas ao longo dos anos. Ela já criou seu legado, e agora é hora dela aproveitá-lo da melhor forma e ser feliz.
Isaak Gonçalves, Duque de Caxias, RJ.
E vemos que toda essa receita vem dado certo, seu trabalho não morre e a quantidade de hits vem crescendo e surpreendendo, formando fãs completamente fieis e compreensivos em relação aos passos dados em cada era, acreditando no potencial que possa vir. Os visuais do último álbum recém lançado, Renaissance, não foi liberado, o que gerou diversas teorias e comentários de quando poderia sair e se realmente eles existem. Na turnê, vimos que Beyoncé está exatamente ciente dos comentários através da introdução da música “Formation”, e responde: “A rainha se move em seu próprio ritmo”, e esse ritmo realmente funciona e cada vez que sentimos que não há muito mais o que explorar, ela traz algo novo e prova que ela realmente é… Beyoncé.
1 comentário
Amei a reportagem. É isso, Beyoncé segue sendo Beyoncé; nunca conseguimos prever os passos dela e tudo parece tão inalcançável quando falamos sobre ela, mas o nosso amor e confiança na pessoa e artista que ela é que nos mantém firme e forte no nosso apoio e amor para com ela e sua arte. Amo demais essa mulher e tudo o que ela representa na minha vida como uma jovem preta LGBTQIA+, só queria um dia poder agradecer a ela por me ajudar todos os dias a continuar viva e resistindo aos desafios que enfrento.