No último sábado (27/01), ao lotar o Circo Voador para o lançamento do álbum “Me Chama De Gato Que Eu Sou Sua”, Ana Frango Elétrico mostrou que veio para ficar. O público estava completamente envolvido durante todo o show, mostrando que a boa recepção do álbum não ficou restrita somente à crítica, mas também se expandiu aos ouvidos dos apreciadores da música contemporânea brasileira.
O repertório contou com todas as faixas do último álbum e fez uma boa revisita aos antigos discos, com todas as letras sendo cantadas a plenos pulmões do início ao fim. Não foram necessárias muitas pausas e interações diretas para construir um laço sincero com o público, pois a linguagem musical atrelada à magia inerente do espetáculo se provaram mais do que suficientes.
Dentre os momentos de destaque, vale mencionar “Camelo Azul”, em que muitos cigarros foram jogados em direção ao palco quando Ana cantava “fumando um camelo azul/me dá um”, até mesmo atingindo o rosto do artista, que demonstrou cair na pilha e adorar a brincadeira. Para além da descontração, a sequência de “Camelo Azul” e “Insista em Mim” foi certamente um dos momentos mais belos, com um coro uníssono e devoto vindo do público.
Além do protagonismo com voz e performance, o artista também assume os teclados em “Nuvem Vermelha” e os sintetizadores em “No Bico do Mamilo”. Em todos os shows e gravações, Ana conta com uma banda que esbanja habilidades musicais de alta qualidade e uma sonoridade luxuosa. O caráter inventivo e criativo de Ana é um grande diferencial de suas apresentações ao vivo, com detalhes e firulas que trazem ainda mais magia às suas canções e deixam todos vidrados esperando as surpresas sonoras que estão por vir.
Além disso, os convidados especiais, que já prometiam elevar o nível do show, conseguiram superar qualquer expectativa. Toda a atmosfera do show tornou-se ainda mais eufórica a partir da entrada de Índio da Cuíca e Rodrigo Maré no palco, que foram muitíssimo bem recepcionados e em poucos segundos dominaram todo o ambiente com uma apresentação hipnotizante emendada ao fim de “Se No Cinema”. O cantor JOCA, presente na gravação do álbum, também fez sua participação em “Dela”, tornando o palco ainda mais agitado e fervilhante. Todos os convidados estiveram reunidos novamente no fim, e mostraram ser a cereja do bolo daquela noite.
A proximidade com a plateia se provou verdadeira quando Ana precisou recomeçar sua apresentação do cover de Marcos Valle “Não tem nada não”, momento levado com bastante descontração. Nesse mesmo pedaço, também houve um leilão de um quadro que Ana pintou ao vivo e a cores no palco, e não demorou muito para que se iniciasse uma disputa de lances altos, que terminou com algum sortudo levando o quadro para casa.
Já no caminho para o fim, a escolha de tocar “Electric Fish” deixou o público em êxtase, e Ana seguiu alimentando esse sentimento ao incentivar todos a cantar cada vez mais alto. A banda deixou o palco com estilo ao som de “Dr. Sabe Tudo”, que também fecha o álbum, mas com pedidos incessantes de bis.
O show então se encerrou oficialmente com um bis especial das canções antigas “Farelos”, “Roxo” e “Mulher Homem Bicho”, muito aclamadas pelos fãs e ouvintes, com Ana sentada na beira do palco e pedindo para todos se aproximarem. Ficou evidente que a energia presente entre o palco e plateia contagiou todos que estavam ali, tendo a certeza de que viveram uma noite especial. É desse jeito divertido, inovador e sincero que Ana está se firmando como estrela definitiva do melhor que há no cenário contemporâneo da música brasileira.