O Allianz Parque tem se tornado um ponto de reencontro de diversos nomes da música, e não poderia ser diferente com o grupo Titãs. A banda de rock formada em 1982 se reuniu pela primeira vez após 30 anos em São Paulo, onde tudo começou, com os sete integrantes de sua formação original, para aquecer as noites mais frias da capital paulistana.
Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Tony Bellotto, Charles Gavin, Branco Mello, Sérgio Britto e Nando Reis transformaram o Allianz Parque em um palco de nostalgia, casais apaixonados, delírio político e uma prova viva de que a música vive nos corações dos fãs há décadas.
Com todas as datas esgotadas, o show no domingo (18) começou com poucos minutos de atraso. O palco possuía uma estrutura gigantesca, com telões de alta qualidade e caixas de som potentes, proporcionando uma ótima acústica em todo o estádio. Com a banda no palco, a empolgação dos fãs, o reencontro e todos os sucessos sendo cantados, o rock brasileiro permaneceu vivo.
Houve muitos momentos emocionantes, como quando a filha de Marcelo Fromer, integrante que faleceu em 2001, cantou “Toda Cor” e “Não vou me Adaptar” ao lado de Arnaldo Antunes. No final, a banda a convidou novamente para uma grande homenagem a Rita Lee, ao som de “Ovelha Negra”, com um grande coro ecoando por todos os cantos do estádio do Palmeiras.
O jogo de câmeras foi muito bem trabalhado, alguns integrantes costumam brincar com elas em uma espécie de performance individual, e cada um parece estar à vontade. Os fãs choravam ao som de “Marvin” e também ao lembrar que o espetaculo já estava em seu terceiro e último ato.
O show encerrou com o primeiro sucesso da banda, “Sonífera Ilha”, e também com a conclusão de que foi uma grande oportunidade para as novas gerações e produções reconhecerem o poder de outros gêneros musicais. Atualmente, nossas paradas musicais são dominadas pelo sertanejo e pelo funk, e às vezes esquecemos do tradicional rock brasileiro. Muitos alegam que não há muito a ser explorado e demandado, mas com o retorno do Titãs, vimos que é possível acreditar.
“Vivemos um quadro aterrador nos últimos quatro anos”, disse Nando Reis em um momento durante o show, relembrando o momento político que o Brasil passou no governo anterior. O integrante vem fazendo manifestos ao anti-bolsonarismo em seus shows, alegando o retorno do Brasil a democracia.
“Isso faz com que esse reencontro também se conecte com o momento em que escrevemos aquelas canções. Por isso, elas estão ainda mais fortes, firmes, atuais e expressam aquilo em que sempre acreditamos e estamos aqui para reafirmar”.
Nando Reis, no último show do Titãs em São Paulo.
Logo após, Nando cantou a música “Nome aos Bois” e incluiu o ex-presidente Bolsonaro como um dos políticos criticados, ao lado de Ronald Reagan, Plínio Salgado, Adolf Hitler e outros.
Foram tocadas 32 músicas que aqueceram o público e trouxeram novamente a saudade de um possível reencontro. Creio que a banda saiu com a confirmação de que São Paulo sempre será seu lar e que suas músicas fizeram e fazem parte da vida de muitos até hoje.