No último dia 26 de abril de 2025, o coração do Rio de Janeiro pulsou no compasso do hip hop nacional com a primeira edição do Festival Gigantes, realizado na icônica Praça da Apoteose. De 14h às 02h, o evento — que já registrava esgotamento de ingressos na cidade — deu espaço a verdadeiros espetáculos e bate-papos que ressaltaram a importância do rap na cultura contemporânea brasileira.
A Energia de Djonga e o Despertar de Novos Talentos


Logo após que cheguei ao evento, por volta das 15h, a cobertura ganhou vida com o show eletrizante de Djonga. O rapper, que já vem quebrando recordes – como o seu novo álbum que bateu a marca de 25 milhões de streams em apenas uma semana – proporcionou um espetáculo repleto de “rodinhas” e aquela vibe que é marca registrada de seus shows. Em um momento inusitado, Djonga chamou ao palco a rapper Cristal, cuja promessa de se tornar uma das maiores nomes da cena nacional já repercute nas rodas de conversa dos fãs. Após o show, em entrevista exclusiva, Djonga refletiu sobre a ascensão dos festivais de rap no Brasil, ressaltando que o sucesso do Festival Gigantes sinaliza uma virada na forma como o hip hop é consumido e celebrado no país.
Ebony e a Reinvenção do Rap com “Terapia”



Logo em seguida, o palco recebeu Ebony, que transformou o ambiente com sua performance impactante do álbum “Terapia”. Com coreografias precisas e um repertório que fez o público cantar junto, a cantora elevou o conceito de performance ao executar seu freestyle “Espero Que Entendam”. Vale lembrar que “Terapia” já se consolidou no cenário ao conquistar certificação de disco de ouro após ultrapassar 30 milhões de streams, consolidando a artista como uma referência quando o assunto é inovação no trap e no rap. Apesar de sua agenda apertada, a energia contagiante de Ebony ficou marcada na memória dos presentes.
FYE: Voz da Baixada e Promessa à Solta
Enquanto muitos aguardavam novas entrevistas, aproveitamos um instante para bater um papo descontraído e sincero com o FYE sobre a vivência na Baixada Fluminense e sobre seu tão comentado próximo álbum, “Longe de Casa”. Mesmo em meio à correria dos bastidores, suas palavras revelaram a autenticidade de quem vem trazendo, aos poucos, uma nova sonoridade e perspectiva para o rap nacional.
MC Luanna: Desafiando Estereótipos com Força e Autenticidade
Na sequência, MC Luanna subiu ao palco, encantando o público com um show repleto de hits e a mesma garra que a consagrou como uma das artistas mais ouvidas do rap brasileiro – com mais de 1,8 milhão de ouvintes mensais no Spotify . Com os versos afiados e uma performance que destaca os desafios e as conquistas de uma mulher preta e independente na música, Luanna também concedeu uma entrevista ao “Vou de Grade”, onde falou abertamente sobre sua trajetória e os obstáculos enfrentados no cenário urbano.
Black Alien: Celebrando 20 Anos de “Babylon By Gus”
Um dos momentos mais emblemáticos da noite foi o tributo de Black Alien aos 20 anos do icônico álbum “Babylon By Gus”. O artista, natural de Niterói e presença constante no rap desde os anos 90, despertou a nostalgia no público com clássicos que ecoam a história e a essência do hip hop nacional. “Babylon By Gus – Volume 1: O Ano do Macaco”, lançado em 2004, permanece como referência e inspiração para gerações 7. Em meio à celebração, Black Alien reafirmou seu legado e sua importância enquanto voz de resistência e criatividade.
Luccas Carlos: O Papel Social e a Energia de “Bailarina”
Após o tributo, a entrevista com Luccas Carlos trouxe à tona reflexões profundas sobre o papel social do rap. Com uma simpatia que cativou todos os presentes, Luccas destacou a importância de usar a música como ferramenta de transformação – um sentimento que se refletiu em sua performance, quando o público cantou em uníssono o hit “Bailarina”, extraído do álbum “Busco Romance Love Show” 9. Seu depoimento foi um lembrete do poder que a arte tem para dialogar com as gerações mais novas.
O Grand Final com Abebe Bikila (BK’): Uma Performance Inesquecível
A cereja do evento foi o espetáculo do show principal, comandado por Abebe Bikila, carinhosamente conhecido como BK’. Abrindo com “Você Pode Ir Além” – primeira faixa do álbum “DLRE” – o artista subiu ao palco em meio a uma cenografia metálica, pirotecnia e até um inusitado ballet, transformando o ambiente em um verdadeiro espetáculo audiovisual.
BK’ não poupou surpresas: desde o chamado especial o FYE logo no início, passando pela parceria com MC Maneirinho na performance de “Mandamentos”, até o emocionante momento em que entregou sua jaqueta a um fã escolhido na plateia, cada instante foi carregado de emoção e conexão com o público. Em uma homenagem a um outro ícone, Evinha subiu ao palco para entoar “Cacos de Vidro” e “Só Quero Ver”, elevando o clímax do show. Fat Family também marcou presença, se unindo ao BK’ na execução do hit “Da Madrugada”. Outros nomes como Luccas Carlos, Melly, Maui, Borges, Sain e Leall completaram o line-up, enriquecendo ainda mais essa celebração que prometeu marcar a história do Rio de Janeiro.
Os números do BK’ falam por si só: o recente álbum “Diamantes, Lágrimas e Rostos para Esquecer (DLRE)” estreou com 5,6 milhões de streams em apenas 24 horas, figurando entre as maiores estreias nacionais já registradas no Spotify Brasil – o artista alcançou, posteriormente, a marca de 100 milhões de plays, consolidando-o como um dos maiores nomes do rap atual 11.
Um Evento que Anuncia o Futuro do Hip Hop no País
O Festival Gigantes não foi apenas uma sequência de apresentações; foi a celebração da transformação do cenário musical nacional. Com a presença de ícones que já quebram recordes e de novos talentos que dão voz a uma nova geração, o evento comprovou que o rap brasileiro segue em franco crescimento e evolução. A diversidade dos shows e a profundidade dos depoimentos reafirmam que, apesar dos desafios, a cultura hip hop se mantém como uma ferramenta poderosa de expressão, resistência e transformação social.
A primeira edição do Festival Gigantes, que promete ser apenas a inauguradora de uma série de eventos pelo Brasil, deixa registrado que o hip hop não só representa a música do momento, mas é um movimento que constrói pontes entre passado e futuro, tradição e inovação.