Produzido por Chico Neves, álbum do cantor mineiro que venceu Festival Nacional da Canção reivindica o “risco de ir contra o fluxo da grande indústria” em composições profundas que transitam entre indie rock e nova MPB
O que acontece na fusão da contradição? Qual o resultado do encontro entre o proibido e o desejado? Como expressar a dualidade das abstrações humanas? A ânsia pela liberdade sexual em meio a solidão nas metrópoles e o papel da utopia e da fé em contraponto ao desencanto da realidade moderna são algumas das questões que o cantor e compositor Tátio observou em viagens e transformou em seu primeiro álbum-solo, intitulado Contrabandeado. Com a participação de Zeca Baleiro e Juliana Linhares, e produção de Chico Neves, o disco estreia nas plataformas de streaming de áudio nesta quarta-feira, 29 de janeiro
Tátio é um artista mineiro que atua na música há mais de dez anos. Cantor do Carnaval de Belo Horizonte com o bloco Circuladô e com a Orquestra da Percussão Circular, ele foi o fundador da banda Caldêra e sua composição “Longe de mim” foi premiada, em 2020, com o primeiro lugar no Festival Nacional da Canção. Agora, a faixa integra seu novo álbum e se tornou um feat com Zeca Baleiro. Essa e outras letras foram construídas ao longo de três anos e meio, viajando de caminhão pelo Brasil e América Latina.
“Muitas das canções foram feitas na estrada, com ideias erguidas nas vivências das andanças. A escolha do nome do álbum veio da vontade de expressar um contra fluxo de ideias que muitas vezes se esconde nos confrontos psicológicos e sociais que nos cerceiam”, explica o cantor. “O ‘contrabando’ está menos no sentido mercadológico e mais na transmissão de pensamentos e sensações que desejamos passar na poética e na musicalidade das canções”, complementa.
Para além das composições, a sonoridade do disco, construída junto de Chico Neves, produtor conhecido por trabalhos com nomes como Los Hermanos, O Rappa e Os Paralamas do Sucesso, no Estúdio 304, traz um movimento antropofágico de unir arranjos de indie rock com uma “linguagem rítmica bem brasileira”.
Contrabandeado conta com nove músicas e começa com a canção “Será que Eu Sou Louco”, lançada como single em novembro de 2024. A letra, descrita pelo compositor como “um hino bissexual”, é também um registro utópico, onde todos têm acesso à terra e aos direitos fundamentais. Com uma sonoridade eletrônica, a faixa também reivindica uma reflexão irônica sobre as fronteiras entre o sonhar e a fantasia.
“Contrabandeado é um disco irreverente, que prega uma revolução comportamental e questiona as relações líquidas na metrópole. O contrabandear, no sentido poético, é a reivindicação do risco, de entregar algo que não está tão disponível nas prateleiras da grande indústria. Na contra
corrente, o disco é um experimento ousado, mas que não abandona a veia sensível e popular da canção”, conclui Tátio.
Já disponível em todas as plataformas digitais. Ouça Contrabandeado: